23 janeiro 2011

Anime cult Evangelion é recriado em versão cinematográfica



Reinvenção para o cinema da série anime “Neon Genesis Evangelion” (1995-1996), o longa “Evangelion: 1.11 Você Não Está Só” estreou nos cinemas do Japão em setembro de 2007 e levou três anos para sair direto em DVD e Blu-ray no Brasil. Ressalva-se que o simples fato de estar nas locadoras já merece comemoração, pois a série original da TV nunca mereceu lançamento por aqui, apesar de ser muito cultuada em todo o mundo e seus quadrinhos continuarem a ser publicados. 



A reinvenção dessa fascinante e empolgante série animada foi planejada para quatro filmes – o segundo estreou no Japão em 2009. Mas é preciso ser muito fã e ficar todo o tempo revendo os episódios para lembrar de detalhes relativos às unidades Eva, às misteriosas conspirações da NERV e aos diversos personagens coadjuvantes. Quem ainda não conhece, pode até sentir vontade de descobrir um dos animes mais importantes da TV japonesa em todos os tempos, nem que seja para saber o que acontece em seguida, após o final do Blu-ray. Quatro filmes são até pouco para dar conta dos 26 episódios da série e ainda recriar o seu polêmico final.

Produzido pelo estúdio de animação Gainax na metade dos anos 90, a partir de designs do artista Yoshiyuki Sadamoto, “Evangelion” é um anime apocalíptico do gênero mecha. Traz robôs gigantes pilotados por adolescentes, que enfrentam ameaças de outro mundo. Mas o que parece uma trama infantil, com crianças de olhos arregalados, na verdade é uma ficção científica bastante sofisticada. Os robôs não são robôs de verdade, são criaturas manipuláveis, perigosas e misteriosas. E mistério é uma palavra chave para a série.
Os personagens também são bem cativantes, principalmente os adolescentes: o tímido Shinji, a depressiva e estranha Rei, a sapeca Asuka e boa parte dos adultos. Quanto às batalhas envolvendos os Evas (é assim que são chamados os “robôs gigantes”) e os anjos (ameaças extra-terrestres que chegam para destruir o planeta), elas são incrivelmente envolventes. E têm algo de geek, comparável ao fenômeno de “Star Trek”, já que também existe uma equipe de comando e apoio, falando palavras “técnicas” para dar aquele ar de seriedade e ficção científica, de uma maneira tensa que torna tudo verossimil, se você entrar no espírito da coisa.

A história se passa num futuro apocalíptico, onde a capital do Japão já sofreu ataques brutais, e acompanha Shinji, um garoto traumatizado e problemático, que foi abandonado pelo pai quando ainda era muito pequeno.
Logo no início, Shinji é socorrido de um ataque de um anjo e levado à NERV, a instituição responsável pela recriação de uma nova Tóquio e pela defesa do planeta contra os anjos. Que, curiosamente, recebem esse nome, mas são bem diferentes dos anjos descritos na Bíblia, nas artes plásticas ou no imaginário popular. Na verdade, eles possuem as mais variadas formas, seja de um gigante, seja de uma grande pirâmide. Mas as referências ao Cristianismo estão em toda a série, embora de maneira um tanto quanto estranha: os robôs são chamados de Eva e só adolescentes podem pilotá-los, e ainda há, lá pelo final (da série), uma lança com o mesmo nome da lança que perfurou Jesus no Calvário.

O pai de Shinji é o responsável pela NERV e o chama para pilotar o segundo protótipo do Eva, o Eva 01, já que o Eva 00 foi praticamente destruído pelo ataque de um anjo. A adolescente que o pilotava, a introspectiva e depressiva Rei Ayanami, está ferida no hospital da NERV, e fascina o menino por sua frieza diante do perigo – e aparente falta de sentimentos.
Recebido de maneira grosseira e indiferente pelo pai, Shinji descobre que foi salvo apenas para receber a missão de enfrentar um monstrão gigante. Ele fica apavorado, mas recebe o apoio de sua chefe imediata, a linda e cativante Misato, que o ajuda a controlar seu pânico.

O filme apresenta avanços enormes na parte técnica em relação à série original, como uma utilização maior de animação computadorizada, muito bem mesclada à animação tradicional, que é a tendência atual dos animes, além do uso de ângulos de câmera diferentes e estilosos.
Em vários sentidos, o culto de “Evangelion” remete à série “Lost”. Ambas foram marcadas por tramas misteriosas e não conseguiram satisfazer aos fãs com seus finais, que deixaram de lado todos os detalhes relativos à ficção científica para mostrar que o mais importante são os personagens, seus sentimentos e seus traumas. A diferença é que houve uma chiadeira geral dos fãs de “Evangelion” e a Gainax acabou produzindo um longa-metragem para dar um fim de verdade à série, chamado “The End of Evangelion” (1997). Seria o fim “oficial e defintivo”.

Mas não existe nada “oficial e definitivo” no Japão. Tanto que o mangá de “Evangelion” toma várias liberdades em relação ao anime. Agora, com mais dinheiro no caixa, mais tecnologia e liberdade para mudar o que quiserem, os produtores têm pela frente o desafio de agradar aos fãs da série clássica ao mesmo tempo em que precisam renovar a franquia para o século 21. E se a primeira parte não traz muitas mudanças na estrutura da narrativa, servindo praticamente um resumo dos seis primeiros episódios da série, o mesmo não pode ser dito do Volume 2, que apresenta até personagens novos, entre outras surpresas.
O DVD e o Blu-ray da sequência tem previsão de lançamento para fevereiro nas locadoras

Nenhum comentário: